ResearchOps não é isso que você pensa

Conheça a definição de Operações de Pesquisa e seus pilares para atuação em UX Research

Pedro Vargas
ResearchOps em Português

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Você abre os olhos de manhã. Vem à sua cabeça as dezenas de coisas que tem que fazer durante o dia. Você faz os cálculos de horas, trajetos, tarefas e descansos. Você busca as melhores alternativas e investiga se é possível remanejar alguns afazeres. Você faz tudo o que deve ser feito, fecha o computador (ou chega em casa) e senta no sofá pra assistir aquela série pra não perder os assuntos do barzinho. Na hora de deitar pra dormir, abre o celular e analisa sua agenda do dia seguinte. Bloqueia o celular, coloca na mesa de cabeceira, mas logo o pega de novo, pra conferir se o despertador foi ativado. Tudo se repete.

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Costumo falar que pesquisamos desde o primeiro segundo do dia, quando abrimos nossos olhos de manhã. Tudo seria mais fácil se, num estalar de dedos, tudo se resolvesse. Mas a realidade é outra e precisamos nos esforçar para que as coisas aconteçam.

Em Pesquisa é exatamente a mesma coisa: para pesquisar, não temos esse estalar de dedos. É preciso que várias engrenagens rodem e se conectem para que os resultados "apareçam" prontos.

As engrenagens precisam se conectar

Na imagem abaixo é possível ver quais são os 6 Pilares de ResearchOps, ancorados pela Nielsen Norman Group.

Os 6 Pilares de ResearchOps (NN/g) — Tradução e adaptação por Pedro Vargas

1. Gestão de Participantes

O primeiro pilar de ResearchOps é o gerenciamento de participantes, que inclui a criação de processos para encontrar, recrutar, selecionar e bonificar os participantes de uma pesquisa. Geralmente é a necessidade mais aparente e imediata de equipes de pesquisa sobrecarregadas.

Alguns problemas que você pode ter por não ter ações para este pilar:

  • Não encontrar pessoas para suas pesquisas
  • Entrar em contato com o mesmo cliente em curto espaço de tempo
  • Falta de segmentação suficiente para falar com as pessoas certas
  • Falta de sistema de recompensas, bonificações ou retornos

2. Governança de Dados

Diretrizes de governança de dados são uma necessidade para qualquer pesquisa envolvendo participantes. Por exemplo, os modelos de consentimento devem estar em conformidade com os regulamentos de privacidade de dados existentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), e escritos em linguagem simples e transparente. Além disso, à medida que as informações de identificação pessoal (PII) dos participantes são coletadas, a organização deve seguir os regulamentos legais e os padrões éticos sobre onde, por quanto tempo são armazenadas, como são protegidas e como seu armazenamento é feito de forma transparente para o participante.

Alguns problemas que você pode encontrar por não ter ações para este pilar:

  • Falta de consentimento e transparência
  • Indefinição sobre onde, por quanto tempo e como são armazenados os dados
  • Risco de vazamento de dados
  • Compartilhamento de dados sem controle

3. Gestão do Conhecimento

À medida que os dados dos estudos começam a se acumular, a necessidade de gestão do conhecimento torna-se cada vez mais aparente. Este pilar é focado em coletar e sintetizar dados, garantindo que sejam localizáveis e acessíveis. Os insights de pesquisa efetivamente compilados e gerenciados podem ajudar as equipes de pesquisa a compartilhar descobertas e evitar estudos repetitivos, mas também podem servir para educar aqueles que estão fora da equipe.

Alguns problemas que você pode encontrar por não ter ações para este pilar:

  • Acúmulo de dados inúteis
  • Não saber o que, onde e quando consultar
  • Ineficiência e refação de pesquisas que já existem

4. Ferramentas e infraestrutura

A maioria das atividades discutidas até agora requer ferramentas ou softwares. Por exemplo: plataformas usadas para recrutar e selecionar os participantes; aplicativos para gerenciar as PII dos participantes; softwares para repositórios de pesquisa, etc. Além disso, no caso de pesquisas presenciais, é preciso ter atenção aos locais onde serão executadas: laboratórios, salas de reunião, objetos físicos (gravadores, tablets, etc.), etc. fazem parte desta área.

Alguns problemas que você pode encontrar por não ter ações para este pilar:

  • Gasto excessivo de tempo de UX Researchers, Product Designers e Product Managers
  • Processos manuais
  • Ataques e vazamento de dados
  • Falta de processo e recursos para lidar com pesquisas presenciais

5. Competências e Habilidades

Torna-se crítico também aumentar as capacidades e habilidades de pesquisa da organização. Esse esforço geralmente envolve o fornecimento de recursos e educação tanto para Pesquisadores, para que possam continuar a desenvolver suas habilidades, quanto Pesquisadores e Pessoas que Fazem Pesquisa (PQFP), para que possam integrar atividades básicas de pesquisa em seu trabalho quando os pesquisadores não estiverem disponíveis.

Alguns problemas que você pode encontrar por não ter ações para este pilar:

  • Falta de clareza sobre papéis: Pesquisadores e Pessoas que Fazem Pesquisa (PQFP)
  • Falta de guias e manuais
  • Executar técnicas e procedimento com erros

6. Defesa e Difusão

O pilar final preocupa-se com a forma como o valor da pesquisa em UX é definido e comunicado ao resto da organização. Simplificando, o que está sendo feito para garantir que o restante da organização esteja ciente do valor e do impacto da pesquisa? Por exemplo, a equipe socializa histórias de sucesso e demonstra o impacto da pesquisa do usuário?

Alguns problemas que você pode encontrar por não ter ações para este pilar:

  • Falta de norte do time
  • Stakeholders “não compram” os ideais

Em resumo…

Segundo a Nielsen Norman Group, ResearchOps é a:

"Orquestração e otimização de pessoas, processos e habilidades para ampliar o valor e o impacto da pesquisa em escala."

ResearchOps é uma abordagem que busca otimizar e aprimorar as operações de pesquisa e análise de dados na empresa, a fim de aumentar a eficiência e a qualidade das pesquisas e promover a colaboração entre a equipe de pesquisa. Isso pode envolver a adoção de novas práticas e ferramentas, treinamento da equipe e criação de uma cultura de pesquisa na empresa.

Você acorda novamente e descobre um caminho melhor pra te levar ao trabalho, que permite mais 30min de descanso ou para um café da manhã mais completo. Você chega no trabalho (ou no cômodo ao lado), e é só abrir o notebook, que está tudo configurado e não precisará perder mais tempo. No meio do expediente, usou um aplicativo que permite agendar sua consulta ao dentista em menos de 5min e também já cadastra seu convênio de saúde automaticamente. Ao voltar pra casa, é só dar um comando de voz para saber das principais notícias do dia. Depois do banho, você deita no mesmo sofá de sempre, mas agora escolhe uma série onde você possa influenciar as demais pessoas do barzinho a começarem a assistir. Você dorme. Tudo se repete (com mais eficiência ainda).

Referência: ResearchOps 101 — NN/g

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